domingo, 30 de novembro de 2008

UM POUCO DOS GRANDES BAILES

baile

Bailes Funk

Na carência de um som que proporcionasse o prazer daquelas nostálgicas reuniões musicais, o subúrbio promoveu a propagação nos primeiros anos da década de 80 do disco-funk, realizada pelo então DJ Cidinho Cambalhota. Essa mais nova ramificação do funk caracterizou, no Rio, a retomada da negritude funk do esquema cada vez mais polido e cada vez mais eletrônico da discothique, reconhecida como responsável pela indefinição do funk nas programações cariocas. Embora não fosse um estilo totalmente derivado da musicalidade negra, seu foco musical não deixou de manter o ritmo negro e a tradição dançante. Outro estilo provindo do funk, responsável pela retomada dos bailes nos subúrbios do Rio, foi o chamado “charme”, nome dado pelo DJ Corello a um tipo de música mais romântica, desacelerada. Aos poucos os bailes da periferia retomavam o seu papel de protagonista na preferência dos jovens suburbanos que, lenta e gradativamente, voltavam a freqüentá-los nos clubes da região.

Porém nenhum outro estilo musical foi tão responsável pela retomada dos bailes quanto o hip hop, que começava a ganhar visibilidade fora dos guetos de Nova Iorque - local onde surgiu. Esses raps eram cantados pelos MCs (mestres de cerimônia) em cima de uma base eletrônica executada pelos DJs (disc-jóqueis) americanos.

Em pleno processo de reformulação, o funk carioca pôde contar ainda com o surgimento de outro estilo musical que veio a ser batizado de “miami bass”. Caracterizado por um estilo de batidas pesadas, aceleradas, com graves de freqüência muito baixa, marcados por uma certa semelhança com o surdo do samba e com versos mais curtos, o “miami bass” surge na Flórida, com uma batida hipnotizante. Com músicas erotizadas e batidas eletrônicas rápidas, ele se tornou um fenômeno nos bailes.  O sucesso alcançado foi tamanho, que este estilo musical foi fundamental para uma nova conceituação do funk. O “miami Bass”, emboratenha sido criado nos EUA, estourou e se tornou  realmente conhecido no Brasil. Este gênero de funk, adaptado, recriado e abrasileirado pelos DJs cariocas, até os dias atuais serve de base para uma boa parte das músicas que explodem no cenário funk do Rio de Janeiro.

Equipes de Som

Em 1986, equipes já consagradas como a !Soul Grand Prix" e a "Furacão 2000" e outras surgidas no embalo como a "Live", "Studio 58", "Super Quente", "Cassino Disco Clube", animavam um circuito de bailes funk na Zona Norte, que compreendia o Grêmio Recreativo de Rocha Miranda e Madureira Esporte Clube, o Esporte Clube Pavunense e a Quadra da Mangueira. Na Baixada Fluminense, estes bailes se realizavam no Mesquita Futebol Clube, no Ideal de Olinda, no Esporte Clube Gramacho, no Farolito e na Quadra da Beija-Flor. De acordo com estatísticas, no Grande Rio, na metade dos anos 80, foram realizados cerca de 700 bailes por fim de semana; deles em pelo menos 100 o público ultrapassava a marca de duas mil pessoas. Significava isto que quase um milhão de jovens freqüentavam bailes funk todas as sextas, sábados e domingos. Nenhuma outra atividade de lazer reunia tantas pessoas. A temática do orgulho negro, observado nos bailes da época “Black Rio”, já não era a principal característica dos bailes da segunda metade da década de 80, embora o predomínio da raça negra fosse flagrante.

O sucesso internacional alcançado pelo hip hop e as montagens de trechos das músicas de maior sucesso tocadas com bateria eletrônica, sintetizador e scratch - técnica de utilização dos discos pelos DJs nos bailes - contribuíram para que aquela movimentação nos bailes da periferia carioca fosse percebida pelos moradores da Zona Sul e, mais tarde, novamente pela grande mídia. Neste momento todos as grandes equipes e DJs já possuíam seus programas de rádio. Através destes programas de rádio eram divulgadas as músicas, as gírias, além do dia, da hora e dos bairros onde os bailes da Zona Norte e Baixada Fluminense aconteceriam. Embora esses locais soassem como algo inédito aos ouvintes moradores da Zona Sul, a realidade funk ensaiava, através de sua música, a congruência de dois mundos tão próximos, mas, paradoxalmente, tão distantes.

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