De gravata borboleta e colete de couro, com camisa em punho de cor salmão, Álvaro se destaca entre os charmeiros da cidade. Sua história de 17 anos entre os dançarinos de charme se confunde com a história dos 20 anos de existência do Baile do Viaduto de Madureira. Diferente dos bailes funks em comunidades, o Dutão, como é conhecido pelos freqüentadores, tem seu foco em música negra, como R&B (Rhythm and Blues), Soul e Hip Hop. A festa, que acontece todo sábado, embaixo do viaduto Negrão de Lima, é programa garantido na agenda de quase duas mil pessoas, que toda semana invadem o baile. Em um desfile de variados estilos, todos com referência a cultura black, bonés e tranças contrastam com o corte alinhado de Álvaro. Ele se defende: “Antes de vir ao Baile, eu pesquiso algumas revistas de moda e lá escolho o que vestir. Para acompanhar os passos, fiz até escola de dança”, argumenta o elegante charmeiro de 34 anos.
No grupo formado em frente ao palco dos DJs, Álvaro é apenas mais um dançarino, enquanto cerca de 30 jovens combinam passos e rodopiam em meio ao ...salão. Essa é a transformação que ocorre no espaço, encravado em meio a duas rampas de carros que dão acesso ao Viaduto Negrão de Lima. Volta e meia é comum ver algum motorista reduzir a velocidade só para acompanhar a agitação do baile, com uma vista privilegiada de cima do viaduto. Enquanto isso, nos cdjs e nas pick ups, quem embala a dança coordenada dos charmeiros são artistas como Beyoncé e Negra Li, bem diferente do início, 20 anos atrás, quando entre as mais pedidas estavam grupos como C + C Music Factory."Transe seu corpinho, bem devagarinho"Mas, afinal, como perguntava o antigo rap, qual a diferença entre o charme e o funk? “O charme é a mesma coisa que o R&B, só que a batida hoje em dia é um pouco mais forte, próximo ao hip hop. Envolve dança, sensualidade e amizade. Você pode chegar sozinho no baile, que vai conhecer gente e também vai aprender a dançar”, explica o DJ Michell, que há 17 anos discoteca no baile. “Já o termo charme, foi cunhado pelo DJ Corello, entre 1979 e 1980, no baile que acontecia no Mackenzie. Ele tinha um set de música mais lenta e falava algo assim: "chegou a hora do charminho, transe seu corpinho bem devagarinho”, relembra Michell.
Formado em 1990, o Baile Charme do Viaduto de Madureira nasceu do samba. Foi seguindo o exemplo de três amigos que formaram um bloco carnavalesco embaixo do viaduto, que um grupo de camelôs começou também a promover seus bailes, chamados na época de Projeto Charme na Rua. Já no início, contaram com um apoio de peso: o hoje renomado DJ Malboro emprestou os equipamentos. Hoje o baile já conta com a presença da terceira geração de charmeiros do viaduto, netos dos primeiros freqüentadores do Dutão.
Cláudio, mais conhecido como Claudinho DJ, também acompanhou a evolução do baile: “No início eu discotecava também, mas então veio o casamento, as contas. Atualmente em vez de tocar CDs, eu vendo CDs”, explica, enquanto vende cópias dos cds de charme. Em média, vende 50 cds em uma noite, dependendo da semana do mês. “É que os charmeiros são todos trabalhadores. Vai chegando o final do mês, a galera vai ficando sem dinheiro, ai o baile não fica tão cheio”, conclui “Tia Nini”, responsável pelas batidas e caipirinhas da festa e que trabalha no baile desde seu início.
De Madureira para o mundo
DJ Michell, que também produz o evento todo sábado, é charmeiro desde o berço: “meu pai era sócio do DJ Corello, um dos pioneiros do estilo. Então eu já respirava charme na barriga da minha mãe”, brinca Michell, que começou a discotecar quando ainda tinha 13 anos, em 1993. Para quem quer conhecer o baile, o DJ dá a dica: “A galera do charme é festeira, pacífica e todo mundo que chega aqui é bem recebido.” Foi também para levar o charme do Viaduto para além da Zona Norte que, recentemente, o baile foi parar no encerramento do festival Back2Black, ocupando a desativada gare da Estação Leopoldina com muito R&B e Hip Hop, sempre repletos de passos marcados.
Em 2000, a área embaixo do viaduto recebeu o nome de Espaço Cultural Rio Charme, oficializando o evento como uma das festas de música Black mais importantes da cidade. Já em 2005, os charmeiros começaram homenagear as personalidades que contribuem para a divulgação do baile, com o Prêmio Halley. O nome faz referência a um dos charmeiros mais antigos, o Sr. Halley, que chega antes de todo mundo e só sai quando está acabando o baile. Entre os premiados estão o Afroreggae e o próprio DJ Corello, precursor do movimento charme.
No grupo formado em frente ao palco dos DJs, Álvaro é apenas mais um dançarino, enquanto cerca de 30 jovens combinam passos e rodopiam em meio ao ...salão. Essa é a transformação que ocorre no espaço, encravado em meio a duas rampas de carros que dão acesso ao Viaduto Negrão de Lima. Volta e meia é comum ver algum motorista reduzir a velocidade só para acompanhar a agitação do baile, com uma vista privilegiada de cima do viaduto. Enquanto isso, nos cdjs e nas pick ups, quem embala a dança coordenada dos charmeiros são artistas como Beyoncé e Negra Li, bem diferente do início, 20 anos atrás, quando entre as mais pedidas estavam grupos como C + C Music Factory."Transe seu corpinho, bem devagarinho"Mas, afinal, como perguntava o antigo rap, qual a diferença entre o charme e o funk? “O charme é a mesma coisa que o R&B, só que a batida hoje em dia é um pouco mais forte, próximo ao hip hop. Envolve dança, sensualidade e amizade. Você pode chegar sozinho no baile, que vai conhecer gente e também vai aprender a dançar”, explica o DJ Michell, que há 17 anos discoteca no baile. “Já o termo charme, foi cunhado pelo DJ Corello, entre 1979 e 1980, no baile que acontecia no Mackenzie. Ele tinha um set de música mais lenta e falava algo assim: "chegou a hora do charminho, transe seu corpinho bem devagarinho”, relembra Michell.
Formado em 1990, o Baile Charme do Viaduto de Madureira nasceu do samba. Foi seguindo o exemplo de três amigos que formaram um bloco carnavalesco embaixo do viaduto, que um grupo de camelôs começou também a promover seus bailes, chamados na época de Projeto Charme na Rua. Já no início, contaram com um apoio de peso: o hoje renomado DJ Malboro emprestou os equipamentos. Hoje o baile já conta com a presença da terceira geração de charmeiros do viaduto, netos dos primeiros freqüentadores do Dutão.
Cláudio, mais conhecido como Claudinho DJ, também acompanhou a evolução do baile: “No início eu discotecava também, mas então veio o casamento, as contas. Atualmente em vez de tocar CDs, eu vendo CDs”, explica, enquanto vende cópias dos cds de charme. Em média, vende 50 cds em uma noite, dependendo da semana do mês. “É que os charmeiros são todos trabalhadores. Vai chegando o final do mês, a galera vai ficando sem dinheiro, ai o baile não fica tão cheio”, conclui “Tia Nini”, responsável pelas batidas e caipirinhas da festa e que trabalha no baile desde seu início.
De Madureira para o mundo
DJ Michell, que também produz o evento todo sábado, é charmeiro desde o berço: “meu pai era sócio do DJ Corello, um dos pioneiros do estilo. Então eu já respirava charme na barriga da minha mãe”, brinca Michell, que começou a discotecar quando ainda tinha 13 anos, em 1993. Para quem quer conhecer o baile, o DJ dá a dica: “A galera do charme é festeira, pacífica e todo mundo que chega aqui é bem recebido.” Foi também para levar o charme do Viaduto para além da Zona Norte que, recentemente, o baile foi parar no encerramento do festival Back2Black, ocupando a desativada gare da Estação Leopoldina com muito R&B e Hip Hop, sempre repletos de passos marcados.
Em 2000, a área embaixo do viaduto recebeu o nome de Espaço Cultural Rio Charme, oficializando o evento como uma das festas de música Black mais importantes da cidade. Já em 2005, os charmeiros começaram homenagear as personalidades que contribuem para a divulgação do baile, com o Prêmio Halley. O nome faz referência a um dos charmeiros mais antigos, o Sr. Halley, que chega antes de todo mundo e só sai quando está acabando o baile. Entre os premiados estão o Afroreggae e o próprio DJ Corello, precursor do movimento charme.
Colaboração de Gustavo Durán
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